Suspeito de ordenar ataque a escritório de advocacia em Pinhais grampeou telefone de Sergio Moro há 20 anos, diz Dalledone
Um outro envolvido ainda é apontado como narcotraficante internacional; mandantes foram presos pela Polícia Civil.
Um dos mentores do ataque a um escritório de advocacia em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, é um homem que ficou conhecido em 2005 por ter grampeado o então juiz federal Sergio Moro. Segundo o advogado Cláudio Dalledone, presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Advocacia (Cesa) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, um outro suspeito envolvido no crime é chefe de uma organização criminosa internacional e articulou uma série de ameaças e ações para intimidar a advogada envolvida na defesa de uma mulher vítima de violência.
O incêndio ocorreu na madrugada do dia 19 de abril e destruiu o escritório da advogada Franciellen Aline Lago da Silva. Segundo ela, a investigação só avançou graças ao apoio da OAB. “Sem esse apoio, acredito que nem estaria nesse patamar a investigação. Procurei a polícia sozinha e não tive resultado. Com a OAB, imediatamente fui atendida pela Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais”, afirmou.
A entidade acompanhou o caso e produziu relatórios que, segundo Dalledone, foram fundamentais para que a Polícia Civil identificasse e indiciasse os envolvidos. “Isso é a ponta de um iceberg. Estamos tratando de uma organização criminosa com conexões internacionais. Já são seis pessoas envolvidas, e quatro delas confessaram participação direta no incêndio”, disse o também presidente da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais durante coletiva de imprensa nesta terça (6).
Segundo Dalledone, as investigações feitas pela Comissão de Defesa e Segurança da Advocacia (Cesa) da OAB também revelaram um esquema envolvendo tornozeleiras eletrônicas. De acordo com advogado, há indícios de que integrantes da organização pagavam moradores para manter os dispositivos em funcionamento, em endereços controlados. “Ficavam ali tratando a tornozeleira como se fosse um pet: abastecendo, carregando, deslocando”, declarou.
Uma das investigadas por envolvimento no esquema é advogada e apontada como esposa de um dos suspeitos. Além disso, ela é defensora jurídica de outro integrante da organização. Segundo Dalledone, ela está sob investigação por participação no esquema de coação e ameaças. “A fala dela nos autos confirma. Ela é esposa de quem articulou toda essa operação criminosa e está sendo investigada também pela Comissão de Segurança da Advocacia”, afirmou.
“Quem organizou e articulou todos esses ataques é um conhecido da crônica policial que já foi condenado por ter grampeado o juiz federal Sergio Moro em 2005. Ele é muito conhecido pelo meio policial e estamos com todas as lentes voltadas para essa organização criminosa”, acrescentou o presidente da Cesa.
O presidente da OAB Paraná, Luiz Fernando Pereira, classificou o caso como um marco na história da entidade. “Pela primeira vez, uma comissão da OAB contribuiu diretamente com a polícia para que os envolvidos em um crime contra uma advogada fossem identificados e presos. É um marco na defesa do exercício profissional da advocacia”, declarou.
Segundo o órgão, a motivação do crime foi o fato de Franciellen ter assumido a defesa de uma mulher vítima de violência. A entidade pediu a conversão das prisões temporárias em preventivas e segue acompanhando o caso.
Fonte: Catve.com
Publicada em 17/05/2025