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Fisioterapeuta preso em Curitiba fazia harmonização peniana de R$ 30 mil por R$ 4 mil; promessa era de 5 cm de aumento



Valor cobrado é cerca de 86% inferior ao praticado no mercado estético; Darlan Carlos afirma ter atendido mais de 500 homens no Brasil e no exterior.



O fisioterapeuta Darlan Carlos, preso em Curitiba na segunda-feira (7) por exercício ilegal da medicina e outros crimes, cobrava entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil por uma chamada “harmonização peniana” — valor cerca de 86% mais baixo do que o praticado por médicos habilitados, que pode chegar a R$ 30 mil. A prisão dele aconteceu após um paciente passar pelo procedimento estético e denunciar ter sofrido necrose no órgão genital.


Em uma conta no Instagram que reúne mais de 10 mil seguidores, o fisioterapeuta também prometia um aumento de até 5 centímetros no comprimento do pênis dos pacientes, além de “libertar os homens da insegurança”. Darlan atendia em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.


“Sim! É totalmente seguro e eu vou te mostrar por quê. O procedimento é realizado com uma cânula que não possui ponta. Então, eu consigo aplicar todo o ácido hialurônico em toda a região do corpo peniano, sem causar nenhuma lesão. […] Ok, doutor, mas e se alguma coisa acontecer errada? Nesse caso, nós temos o que eu chamo de antídoto, que é a hialuronidase. Por isso, o procedimento é reversível a qualquer momento, o que torna o procedimento totalmente seguro, ao contrário de outros preenchedores definitivos”, afirmou o fisioterapeuta em um vídeo publicado na rede social há cinco dias.


A hialuronidase é uma enzima responsável por degradar o ácido hialurônico, substância presente no tecido conjuntivo e na pele. Darlan afirmou já ter atendido mais de 500 homens e que oferece tratamentos a pacientes residentes nos Estados Unidos, Austrália, Portugal e Espanha.


De acordo com a delegada Aline Manzatto, o suspeito foi preso em flagrante enquanto atendia um paciente que viajou de Goiás até a capital paranaense, uma distância superior a 1.300 km. Segundo a Vigilância Sanitária, os procedimentos eram feitos em uma clínica de fisioterapia pélvica localizada na rua Conselheiro Laurindo, no centro da cidade. O local foi interditado.


No consultório, os agentes e vigilantes sanitários encontraram uma série de irregularidades, como seringas e agulhas transportadas em mochila, Botox sem refrigeração e sem nota fiscal, produtos vencidos, itens sem registro da Anvisa — cânulas, ácido hialurônico e anestésicos —, além de lixo hospitalar, inclusive com sangue, descartado no lixo comum. Também foi identificada a presença de hialuronidase manipulada, substância proibida para preenchimento intra dérmico, segundo a Vigilância Sanitária.


“Questionado sobre onde conseguia esses produtos, ele disse que vinha de São Paulo, mas não falou de que local era. As gases com sangue estavam todas espalhadas. Não tinha nenhum tipo de higiene e esterilização. Isso faz com que o procedimento fique super arriscado para as vítimas”, explicou a delegada Aline Manzatto nesta quarta-feira (9).


Além disso, diz a delegada, o suspeito induzia os pacientes a assinarem um termo de consentimento que informava, expressamente, que o produto utilizado no procedimento não possuía registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).


“Isso prova que ele praticava esse crime de forma dolosa. Ele queria, com isso, impedir que a vítima procurasse seus direitos”, acrescentou Aline Manzatto.


Apesar de ser graduado em fisioterapia desde 2018, ele alega ser especializado em uroginecologia, especialidade médica que exige registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).


O fisioterapeuta deverá responder por falsificação de medicamentos, armazenamento e venda de produtos impróprios para consumo e exercício ilegal da medicina. Somadas, as penas podem chegar a 22 anos de prisão.


Paciente tem órgão genital necrosado 


Darlan Carlos foi preso após um paciente realizar a harmonização peniana com ele entre junho e julho do ano passado e ter parte do órgão genital necrosado. Segundo a delegada Aline Manzatto, o homem está fazendo um tratamento para tentar reverter o quadro.


“Ainda dependemos de laudo. Necrosou parte do órgão genital dele e ele tá fazendo um tratamento para tentar reverter ou diminuir as consequências dessa infecção e do produto utilizado”, acrescentou.


O que diz a Vigilância Sanitária


Em nota, a Vigilância Sanitária disse ter encontrado as seguintes irregularidades na clínica do suspeito:



  • funcionar sem licença sanitária para procedimentos estéticos invasivos; 

  • falta de condições sanitárias para o funcionamento, colocando em risco a saúde das pessoas atendidas no local;

  • comercialização de medicamentos importados sem registro na Anvisa e sem a bula traduzida para o português;

  • descarte de resíduo infectante em lixo comum;

  • entre outras.


“A Visa de Curitiba participou da ação em conjunto com a Polícia Civil. Foram apreendidos medicamentos vencidos, em más condições de armazenamento e sem registro. O proprietário da clínica foi notificado sobre os diversos pontos em desacordo com a lei e a clínica deve permanecer interditada até que sejam regularizadas as situações indicadas, de acordo com a legislação sanitária”, diz trecho do comunicado.





Fonte: Banda B


Publicada em 29/04/2025