Torta de frango que deixou 3 pessoas na UTI pode ter sido envenenada por padeiro temporário, diz dono de padaria
No domingo (20), quando estava de folga, o padeiro teria voltado à loja e levado consigo uma torta.
O dono da padaria Natália, estabelecimento em Belo Horizonte onde foi comprada uma torta consumida por três pessoas internadas em estado grave, disse que um funcionário temporário pode ter envenenado o alimento para matar a companheira. O salgado, que foi ingerido por um casal de 23 e 24 anos e uma mulher de 75 anos na última segunda-feira (21), foi produzido no sábado (19).
Fábio Silva, dono do local, disse à Folha de S.Paulo que soube apenas na terça (22) que o padeiro havia confidenciado a outros funcionários do local que estava com problemas com sua companheira em casa. “Se eu soubesse dessa informação antes, tinha mandado esse cara embora na hora”, afirmou o empresário.
No domingo (20), quando estava de folga, o padeiro teria voltado à loja e levado consigo uma torta. Silva suspeita que o funcionário temporário tinha a intenção de envenenar a companheira, mas acabou se enganando e deixou o alimento adulterado na padaria.
O empresário afirmou que o trabalhador o procurou há duas semanas em busca de emprego e que decidiu contratá-lo porque seu padeiro estava de saída. Após um teste de dois dias, Silva combinou com o padeiro para retornar na segunda, dia 14, ainda como “freelancer”.
No sábado, ele solicitou ao funcionário a reposição do estoque de tortas, tendo sido produzidas cinco unidades. Quatro delas, segundo o dono, foram vendidas, e uma foi comprada pela idosa de 75 anos, que era cliente do estabelecimento e está internada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em um hospital de Belo Horizonte. O casal, que havia visitado a casa dela na segunda, passou mal na madrugada do dia seguinte, após ter retornado a Sete Lagoas, a 70 km da capital mineira.
“Eu consumi um pastel assado, a minha filha comeu uma tortinha da menor, mas poderíamos ter pegado uma torta grande e correríamos o risco [de ser contaminados]”, disse o empresário.
Após a folga de domingo, o padeiro faltou ao trabalho na segunda, mas o patrão não conseguiu contato com ele. Na terça (22), ele voltou a não comparecer ao trabalho. Foi quando o dono descobriu que o funcionário havia relatado problemas com a família.
“A bomba [das possíveis contaminações] veio à tarde, e à noite eu juntei as peças. Ele ia matar a mulher envenenada e acabou colocando três pessoas no hospital e eu passando por essa situação, por esse pesadelo”, afirmou Silva.
“A bomba [das possíveis contaminações] veio à tarde, e à noite eu juntei as peças. Ele ia matar a mulher envenenada e acabou colocando três pessoas no hospital e eu passando por essa situação, por esse pesadelo”, afirmou Silva.
O empresário disse que a loja tem alvará sanitário, mas não possui certificação dos bombeiros. Ele e um sócio são donos da padaria há sete meses. Ele completou que contribui com as investigações e reza pela melhora de saúde das vítimas.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Sete Lagoas, onde o casal está internado, foi levantada a hipótese de botulismo diante do quadro clínico dos pacientes. Eles foram tratados com soro antitoxina botulínica no mesmo dia.
O botulismo é uma intoxicação grave causada pela bactéria Clostridium botulinum, que produz a toxina botulínica, usada no Botox e encontrada na natureza, capaz de causar paralisia e perda de reflexos no corpo ao atingir o sistema nervoso e, nos casos mais graves, morte.
A reportagem não conseguiu contato com o hospital onde a idosa está internada para atualização de seu quadro de saúde. A Polícia Civil, que investiga o caso, disse que o dono do estabelecimento foi ouvido na terça e liberado.
Fonte: Banda B
Publicada em 09/05/2025