ESTADO LANÇA HOJE BANCO DO AGRICULTOR PARANAENSE
O Governo do Paraná lança hoje (27) o Banco do Agricultor Paranaense, um instrumento que vai possibilitar o Estado conceder subvenção econômica a produtores rurais, cooperativas e associações de produção, comercialização e reciclagem, e a agroindústrias familiares, além de projetos que utilizem fontes renováveis de geração de energia e programas destinados à irrigação. Segundo o secretário Norberto Ortigara, trata-se de uma política de estímulo à agricultura estadual, idealizada pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Em entrevista exclusiva à Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná (ADI-PR), Ortigara dá detalhes sobre o Banco do Agricultor Paranaense e comenta sobre o novo edital do programa Compra Direta Paraná, que será lançado em breve. O secretário comenta ainda sobre a expectativa do Paraná receber o certificado internacional de livre de febre aftosa sem vacinação e destaca os investimentos feitos pelo Estado, em especial à agricultura familiar. Confira. ADI-PR: O que o Estado tem feito para a agricultura, particularmente a familiar? Norberto Ortigara (NO): O Paraná tem, talvez, a agricultura mais diversificada do Brasil porque está em uma faixa de transição climática. É também um Estado com características de pequena e média propriedade, mas onde se produz quase tudo. Normalmente, o grande produtor acaba se virando, está vinculado a uma integração maior, a uma grande cooperativa, a estruturas comerciais. A parte hipossuficiente tem nossa atenção e há várias ações do Estado tanto para melhorar a produção e renda quanto para tornar um pouco mais confortável a vida com estradas e habitação. Entre elas há o programa Coopera Paraná, com vistas a ajudar na gestão e dar apoio formal para que se estruturem da roça até o consumidor. Vamos publicar o segundo edital de apoio financeiro às iniciativas de cooperação ou de associativismo no meio rural. Além disso, estamos viabilizando a contratação de assistência técnica para que essas pequenas cooperativas recebam profissionais dedicados e que deem um impulso. ADI-PR: O Banco do Agricultor Paranaense também tem a intenção de reduzir os custos para os agricultores familiares? NO: O Estado sempre teve em mente que precisava oferecer condições mais vantajosas de financiamento para determinadas cadeias da produção da pequena propriedade, além de repassar recursos a fundo perdido. Pelo Banco do Agricultor Paranaense, o Estado vai bancar no todo ou em parte o juro do financiamento de investimentos em algumas atividades, como as produções de leite, peixe, horticultura, pinhão, erva-mate, café, bicho da seda, além da agroindústria familiar e cooperativas. Também estimulamos aproveitamento racional de fontes renováveis de energia, pois estamos desperdiçando uma capacidade gigantesca de geração a partir de biomassa, que é abundante em nosso meio na forma de bagaço e palha de cana, e dejetos de suínos e aves e leite, ou pela geração a partir do sol. No Banco do Agricultor Paranaense, também há estímulo para projetos de irrigação. Embora tenhamos um bom regime de chuvas no Paraná, temos perdas frequentes. É muito inteligente que voltemos os nossos olhos para o uso racional e correto da água, especialmente em métodos poupadores. ADI-PR: O Estado está prestes a receber o certificado internacional de livre de febre aftosa sem vacinação. O que isso significa? NO: Depois de muitas décadas de vacinação conseguimos mostrar ao mundo que temos capacidade técnica de ação, que temos boa qualidade e preço competitivo. Nós fizemos nosso trabalho, instalamos barreiras, criamos a Adapar, criamos um fundo com mais de R$ 80 milhões para eventual indenização, aperfeiçoamos os cadastros, aumentamos a vigilância ativa e passiva e implantamos métodos eficientes no combate da enfermidade. Isso levou o Ministério a permitir a suspensão da vacina e a declarar como área livre da doença sem uso da vacina. Agora, já com relatoria aprovada pelos peritos técnicos da Organização Mundial de Saúde Animal, esperamos receber, em 25 de maio, o certificado internacional de área livre, concomitantemente com o pleito que fizemos de isolar o Paraná de um grande bloco de 14 Estados que são livres de peste suína clássica. O temor é que uma eventual reintrodução da doença no Norte ou Nordeste do Brasil derrube o nosso status, por isso pedimos o isolamento. Essas duas ações permitem sonhar em conquistar novos mercados dos quais estávamos alijados de concorrer. A eliminação da vacina aumenta a nossa responsabilidade porque temos de aumentar a vigilância para não haver a reintrodução da enfermidade. ADI-PR: O Estado também está prestes a lançar novo edital do Compra Direta Paraná? NO: Em 2020, destinamos R$ 20 milhões de forma emergencial e promovemos compra de diversos produtos entregues diretamente a centenas de entidades que cuidam de vulneráveis. Foi importante naquele período da pandemia. Agora, estamos lançando um programa, que se torna política de Estado com a edição do decreto 7306 pelo governador. Teremos um edital de compra, com dispensa de licitação, contemplando R$ 27 milhões. Vamos comprar gêneros alimentícios de associações e pequenas cooperativas da agricultura familiar para entrega às entidades que se dedicam a vulneráveis. Há 1.207 cadastradas, que atendem mais de 250 mil pessoas. Isso tem duas virtudes: mantém o campo produzindo e viabiliza comida na mesa das parcelas mais vulneráveis. Os recursos são do Fundo de Combate à Pobreza, que é proveniente de um ICMS adicional sobre alguns produtos.
FONTE:"ADI-PR | FOTO: DIVULGAÇÃO AEN"
Publicada em 21/11/2024