Soleimani foi morto por um ataque aéreo dos EUA ordenado pelo ex-presidente Donald Trump no Aeroporto Internacional de Bagdá, há quatro anos, na quarta-feira.
O IRINN, outro canal de televisão estatal, informou que a primeira explosão foi causada por uma bomba colocada numa mala dentro de um carro Peugeot 405, e parecia ter sido detonada remotamente.
O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, disse durante uma entrevista ao canal de notícias estatal iraniano IRIB que a primeira explosão aconteceu às 15h, no horário local. Vahidi afirmou que o segundo estouro, mais mortal, ocorreu 20 minutos depois, quando outros peregrinos foram ajudar os feridos.
Nenhum grupo assumiu ainda a responsabilidade pelas explosões. O Irã declarou esta quinta-feira (4) como dia de luto.
Vídeos publicados na imprensa estatal iraniana mostraram multidões correndo na área após a explosão, assim como corpos ensanguentados sendo transportados e ambulâncias saindo do local em meio às pessoas.
Anteriormente um dos homens mais poderosos do Irã, Soleimani era chefe da Força Quds dos Guardas Revolucionários, uma unidade de elite que gere as operações do Irã no exterior e foi considerada uma organização terrorista estrangeira pelos Estados Unidos.
O Pentágono ressalta que Soleimani e as suas tropas foram “responsáveis pela morte de centenas de militares americanos e da coalizão e por ferir milhares de outros”.
Conhecido como o “comandante sombra” do Irã, Soleimani, que liderava a Força Quds desde 1998, foi o cérebro das operações militares iranianas no Iraque e na Síria.
O general Ismail Qaani, tenente de longa data de Soleimani e seu sucessor como líder da Força Quds, observou que os perpetradores estavam “desesperados”, alertando que “a República Islâmica não mudará o método de erradicação do regime sionista”.
Os Estados Unidos disseram que não estão envolvidos nas explosões e que “não temos motivos para acreditar que Israel esteja envolvido”, segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matt Miller.
Miller acrescentou em coletiva de imprensa do Departamento de Estado que os EUA não “têm qualquer informação independente” sobre as explosões e, como tal, não ofereceriam uma avaliação sobre quem poderá estar por trás delas.
Explosão ocorre em momento tenso na região
A explosão ocorreu em meio ao aumento das tensões na região, enquanto Israel trava uma guerra de três meses contra o Hamas em Gaza, motivada pelo ataque do grupo armado a Israel em 7 de outubro.
Na terça-feira (2), um importante líder do Hamas foi morto em um subúrbio de Beirute, no Líbano, em uma explosão que uma autoridade dos EUA disse à CNN ter sido realizada por Israel.
Israel não confirmou nem negou o envolvimento no caso, mas o Hamas e o grupo Hezbollah, que controla o subúrbio, culparam o país e juraram vingança.
Em discurso que marcou o aniversário da morte de Soleimani, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ressaltou que o assassinato da autoridade do Hamas em Beirute “não ficará impune”.
Na semana passada, o Irã e vários dos seus representantes armados acusaram Israel de assassinar um alto comandante iraniano na Síria, prometendo retaliação. Israel não comentou o assunto.
Israel acusa Teerã de financiar e armar o Hamas. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse no mês passado que o seu país está numa “guerra multi-arena”, sendo atacado de sete arenas, incluindo o Irã. “Já respondemos e atuamos em seis desses locais”, afirmou.
Também nesta quarta-feira (3), o presidente russo, Vladimir Putin, condenou o “terrorismo em todas as suas formas” em carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e ao presidente Ebrahim Raisi, após as explosões.
Putin recebeu um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) e foi acusado pela Ucrânia e por organismos internacionais de numerosos ato de terrorismo durante a guerra na Ucrânia.
Os Estados Unidos também intensificaram recentemente o seu envolvimento militar no Oriente Médio. No mês passado, os militares realizaram ataques aéreos contra o Kataib Hezbollah, apoiado pelo Irã, e “grupos afiliados” no Iraque, depois de um ataque ter ferido três soldados dos EUA.
Na semana passada, helicópteros dos EUA afundaram três barcos pertencentes aos rebeldes Houthi, também apoiados pelo Irã, no Mar Vermelho, depois de terem sido atacados, matando todos os que estavam a bordo.
O evento marcou a primeira vez desde o início das tensões no começo do ano passado que os Estados Unidos mataram membros do grupo rebelde.
A Casa Branca afirmou, entretanto, que não busca um conflito mais amplo. Os Houthis realizaram vários ataques a navios comerciais no Mar Vermelho em retaliação ao ataque de Israel ao Hamas, afetando o comércio em das vias navegáveis mais importantes do mundo.
Fonte: CNN